Os Love Echo chegam-nos da madrugada: cansaço pós-laboral, insónia, ennui potenciado pela falta de qualidade das séries televisivas a estas horas, mundo virtual sem nada que nos valha, e de repente uma melodia suave, uma batida quase cardíaca e uma voz de cristal – não, não é um trocadilho com o nome de Vicki Glass, uma das metades deste duo de Tóquio, de Paris, de Lisboa, do Luxemburgo, do Mundo, que lança o seu disco de estreia pela LebensStrasse quando ainda estamos todos a pensar em 2012.Comparsas do mui estimado Sun Glitters, os Love Echo agem como uma espécie de contraponto do produtor luso-descendente; se este é a banda-sonora de um final de tarde na praia, os Love Echo são-no do sonho do dia seguinte, da brisa suave de verão que nos enche o peito durante a noite, do regresso a casa após festa brava numa pista de dança. O mote é a electrónica, chamem-lhe pós-chillwave, pós-dubstep, pós-o-que-quiserem. É música, boa música. É “Departure”, quase-balada com as teclas em plano de destaque.Mais do que da produção de Vic Miranda fale-se da voz de Vicki, que não só complementa os beats do português como impede que as canções se tornem estanques – isto é, que se limitem a uma ideia de electrónica que mesmo agradável se torna repetitiva à quarta ou quinta audições. I Promise You Always The Sky é um compêndio de malhas para durar mais do que os quinze segundos habituais de fama da música na Internet de hoje, seja com a óptima versão de “The Lovecats” (dos enormes Cure), através do sussurro It’s all a lucid dream… em “Eligy”, por via da luxuosa “Hush” ou cavalgando os ritmos industriais de “Control”. Aprovadíssimo.